O Bolo da minha infância...

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A minha avó materna era, como eu, capricorniana!!

Organizada, mandôooona (!), com muitas qualidades e algumas outras atitudes que eu, mesmo criança questionava muitas vezes, mas tinha um dedo para a cozinha, que era uma maravilha!

Lembro com saudade os almoços de família...Eles, os filhos e nós, uns poucos de netos...

E naquele tempo - anos 60 . a cozinha portuguesa de uma família abastada, mas com raízes rurais, era, sem dúvida, muito saudável e de substância, porque se abastecia na horta e na capoeira da casa e portanto, com muita qualidade e muita fartura!

Ainda sinto o paladar inconfundível do leite de cabra e dos queijos, do tipo Rabaçal que a avó fazia, do galo tostado no forno com batatinhas, ou com arroz pardo, do cabrito assado servido com grelos e arroz de miúdos, enfim e para coroar o repasto "aquele" Bolo Podre que só ela fazia e de que ninguém conhecia a receita!

Era sempre um bolo enorme, feito numa forma sem buraco. Talvez por ser medido meio a "olho", como ela dizia - não pesava os ingredientes...além de grande e luzidio, nascia-lhe sempre, de um dos lados, uma enorme "batata"  que fazia o delírio e disputa dos netos para ver quem comia aquela massa mais fofa,,,

Bem...os anos foram passando, eu tornei-me uma mulherzinha e achava que aquela receita não se podia perder...

Com jeito para não a ferir, lá ia dizendo que ma desse, para a lembrarmos um dia, sempre que saboreássemos o bolo...e ela já cá não estivesse...

Não foi fácil porque de todos os ingredientes, a quantidade era sempre..."mais ou menos".

Consegui chegar com ela a um consenso e enfim, faço uma aproximação ao original...

Aqui fica meia-receita do dito...que chega cá para casa...

 

Colocar numa taça 500 gr.de açúcar.

Abrir uma cova e juntar 125 gr. de margarina derretida em banho-maria, raspa de 1 limão, 1 colher de sobremesa de canela em pó e 1 colherinha de café de bicarbonato de sódio.

Juntar 4 ovos inteiros. Bater esta mistura muito bem.

De seguida  ir juntando 500 gr.de farinha de trigo alternadamente com uma chávena de leite. Fica uma massa grossa.

Por fim juntar passas de uva, sem grainha e nozes partidas.

É o tipo de bolo que aqui podemos chamar de "farta rapazes"...

publicado por Belisa Vaio às 21:57 link do post | comentar | favorito